quinta-feira, 9 de julho de 2009





Simple Minds

Some Sweet Day

Por Carlos Castanheira

Numa manhã de 1997 acordava lentamente; ao som do rádio despertador; encontrava-me numa fase crucial da minha juventude, nem eu ainda poderia imaginar o que a minha vida iria ser até hoje. À medida que acordava ia-me apercebendo do que estava em meu redor, mas um som vindo de além revelava-se mágico, a minha alma deixava-se cair no embalo do sono e sentia que adormecia literalmente. Talvez tenha passado por algum lugar, talvez eu tenha ido mais longe do que pensava. Na rádio passava «Let There Be Love» dos um tema dos Simple Minds. Já conhecia quem eles eram como conhecia mais alguém por entre a multidão, mas nunca tinha escutado aquela música do modo como me aconteceu; também já a tinha ouvido antes, mas naquele momento nada era igual ao que era antes.

Na altura gravar em CD-R era um sonho longínquo e muito menos encontrar a música pela Internet; mulas e youtube. Por isso ainda percorri uns tempos, umas estações de rádio, algumas conversas até encontrar o tema que nessa altura eu ainda desconhecia o nome.Até que um dia encontrei o dito tema numa cassete gravada há não sei quantos anos entre outros temas dos Simple Minds que aí se incluíam. Os dias, meses e anos foram passando, ouvindo ao som de qualquer sentimento em busca duma inspiração profunda para escrever a dita carta de amor, para acreditar que de algum modo os maiores desejos de alguém tornam-se mais próximos quando sonhamos alto.Em toda esta vivência, na partilha com os meus grandes amigos do que os Simple Minds têm significado para mim no decorrer da minha vida ligada a grandes acontecimentos pessoais, hoje vejo, sinto de um modo muito profundo esta ligação. A música toma-se em mim com uma identidade onde eles residem 95% bem como de outras bandas com o mesmo estilo musical, sonoridade e energia muito próprias. Contudo comecei aperceber-me da natureza dos temas uns bons temas depois dos anos em que os Simple Minds se encontravam no seu Apogeu! Entretanto em 1998 é lançado Néapolis o último albúm do século XX… Quando cheguei à loja e coloquei os auscultadores para a escuta, senti uma enorme agonia. O som jamais se identificava com o que eu tinha conhecido antes e estávamos nós naquela altura do grande arranque da música electrónica, Mix and Remix; a partir daquele momento tinha engolido em grande a ideia de que os Simple Minds tinham acabado, encontravam-se rendidos ao novo som de uma nova geração. Aquilo que eu tinha conhecido restava somente por entre as memórias sonoras dos albúns anteriores.

Ao longo do tempo fui ouvindo as músicas que tinham ficado na memória mas sempre com alguma reserva, não Adorar desmesuradamente para não sofrer com aquilo que não voltará a ser como era.

Em Abril de 2002 passava eu na rua quando avistei um anuncio de um concerto dos Simple Minds para 27 de Maio no Pavilhão Atlântico.

Pouco tempo depois já tinha o bilhete na mão e tinha a uma boa expectativa porque seria a primeira vez que eu iria assistir a um concerto ao vivo dos Simple Minds e desse modo o alinhamento iria passar pelos tão badalados temas. Mais tarde soube que iriam lançar um novo albúm, entitulado «Cry»; só sairia em Portugal quase um mês depois, no entanto recordo-me de estar à espera daquele concerto, de reviver o que pensava estar longe.

Numa segunda-feira, dia 27 de Maio pelas 20h, ainda vislumbrava um resto de pôr do Sol através das estreitas janelas do tecto no Pavilhão Atlântico. Recordou-me de ver a Luz do Sol apagar-se as luzes do palco acenderem-se vagarosamente. O dia terminava para que a noite começasse com aquelas luzes.Um concerto começou, sim ainda não era a banda Escocesa mas mais alguém tentando singrar pelas arenas musicais, fazendo a primeira parte do espectáculo que ainda estava para vir. Depois de algum tempo de meios aplausos e um som convidativo à atmosfera do que nos esperava, o momento tinha chegado. Uma ovação de extâse tinha tomado conta do o pavilhão atlântico; «Boa noite Portugal!»; a guitarra e a bateria tinham rebentado no recinto «I want to see your hands», a guitarra tinha começado a percorrer os acordes da memória, numa sonoridade muito diferente, mas assemelhando-se a uma nova versão. As luzes enlouqueciam, dançando extenuadamente pela sonoridade, pela coreografia de Jim Kerr, pela vibração do público, tinha começado, estava lá. Depois do alinhamento ter passado pelos Early Years memoráveis dos SM, tinha chegado um novo tema que eu ainda não tinha ouvido, pertencia ao novo albúm. «Is everything ok?», o tema rolava pelo pavilhão ao ritmo dos saltos da multidão, estava a escutar um novo tema com uma sonoridade fantástica sem saber qual era. Nunca mais o tinha esquecido. No final, no rescaldo; os dias seguintes foram passados em grandes parte a ler as letras das canções dos Simple Minds, tentando cantar ao mesmo tempo que lia, o desejo era tal de revivência que eu próprio desejava ser, desejava cantar. A minha vivência como fã tinha começado no dia a seguir ao concerto, sentia que queria pertencer àquela atmosfera tão cativante, tão idêntica àquilo que os meus sonhos buscam. Fui ouvindo crescentemente todas as canções da banda, ensaiando, sentindo o pulsar da atmosfera do que era cantar com os Simple Minds, do que era viver naquele lugar onde se cruza aquela rapariga, a paixão, a inspiração que toma pulso à escrita, a algo que queria dizer, mais do que amor, mais do que de mim para ela, mas sim procurando uma verdade maior onde pudesse cantá-la para todas as pessoas. Eu sentia-me um grande fã, desejando Ser, correndo o risco do fanatismo, acho que fui apanhado por essa doença, talvez se tenha tornado patológico, chegando ao ponto de ir cantar os temas dos SM aos Karaokes, não imitando mas sendo, sentindo a Energia sublime de cantar e estar com eles, sim sentir a Verdade e a forte presença dos simple minds, dançando aquela coreografia, chegando ao ponto de por várias vezes… ter uma multidão a saltar e a aplaudir, por entre sessões de Karaoke em Lisboa e no Algarve, aplausos de pessoal jovem, até a turistas Ingleses, Franceses e Alemães. Levar a música dos Simple Minds pela minha voz aos outros pelo lado mais sublime e apaixonado. Agora sim, quem lê já consegue vislumbrar um pouco do que se passa nesta ligação que se torna numa enorme projecção para algo mais grandioso da própria vida, a música deixa de ser somente o destino mas sim uma via fantástica e maravilhosa de chegar à verdadeira natureza do que somos e para o destino que iremos dar um dia. A 29 de Junho 2003 encontrava-me eu a chegar ao início de outro concerto dos Simple Minds em Monsanto no Anfiteatro Keil do Amaral. Caminhava em direcção aquele palco azul, um altar de sonoridade extâse, ao lado direito o céu ainda escurecia e ao longe podia ver a ponte 25 de Abril replecta de luzinhas. A noite queria ser como eu a imaginava, há quem diga que certas energias que vivem em nós são tão poderosas que podem ter efeito sobre a realidade e os acontecimentos.

Uns dias antes estava eu a passar no cais do Sodré quando olho num placard verde e num forte ímpeto deixo-me ficar estático no meio da rua. Monsanto é pura diversão: Simple Minds – 29 de Junho. Eram as letras mais lindas que eu já tinha visto… Foi um momento muito particular, desse modo, depois de divulgar o evento aos amigos, alguns acabaram por se convencer, o modo como eu vivo isto contagiou-os gravemente, porque existem dois grandes amigos meus que se tornaram igualmente em fãs dos Simple Minds.

Ao longo dos tempos fui cantando, ouvindo, vivendo. Algures em Setembro estou eu no metro e por detrás da carruagem do metro estava uma tela de projecção de publicidade, o metro passa e surge Freeport Alcohete – Simple Minds dia 10 de Setembro de 2005. Outro estado de choque repentino e fulminante. Entretanto a 12 de Setembro era lançado «Black & White 050505», um estilo musical renovado que procurava dar uma nova identidade à banda e com uma crescente qualidade sonora

Depois da luta que tive no próprio dia para arranjar bilhetes anunciados como gratuitos, mas nem tanto assim ao lá chegar, o destino só poderia estar traçado; lá estávamos nós de novo! «I want to see your hands!». Este concerto consegui ve-lo mesmo a pouco centímetros do palco e digamos que foi um concerto ainda mais energético e com um poder muito forte em termos de espectáculo.

Hoje! A Banda Escocesa comemora 30 anos de carreira e no dia 25 de Maio lançou o albúm «Graffiti Soul», ainda não comprei o albúm porque ainda não saiu em Portugal, no entanto na ansiedade acabei porque arranjar uma cópia dos temas e tenho estado a ouvir interruptamente «Moscow Underground»; «Star will lead your way» e «This is it», temas que eu considero deveras os melhores e como intenção da banda na comemoração dos Simple Minds, nada melhor do que o regresso às origens no estilo musical, na forma energética que estes temas nos oferecem. Têm sido excelentes estes dias, ouvindo, estando aguardar a notícia da digressão até Portugal; entretanto já se encontram as datas marcada para vários países da Europa. Esta digressão está anunciada para ter início a 30 de Maio e acabar a 11 de Dezembro deste ano.

As consequências profundas desta minha admiração pela banda encontram-se no facto de eu ter comprado um software de produção e estar desde Novembro a produzir músicas feitas e cantadas pela minha autoria. Como eu quero deixar marcado o quanto pode ir o desejo de Ser, esta sede que vai para além do culto da banda, poder ser a extensão do que ainda pode ser feito, de quem eu posso ser. Na Verdade o desejo que o sonho dos Simple Minds nunca acabe, se me perguntarem se eu q quero continuar, a resposta está em tudo o que eu tenho vivido com esta banda e em tudo o que na minha vida se cruza com ela. Já foram vários, inúmeros os comentários que deixei no site da banda e no myspace. Para grande impacto das minhas emoções e da minha pessoa já tive várias respostas de grande felicitação o que me leva à concretização de algo grandioso…o facto dos Simple Minds terem a noção da minha existência

No que toca ao historial da banda, sinto que devo fazer referência a esta, começando por referir que esta começou em 1979, ano em que eu nasci; a Banda tinha-se formado com Jim Kerr (voz); Charlie Burchill (guitarra); Derek Forbes (baixo); Brian Mcgee (bateria) e Neil McNeil (teclas).

Esta foi a formação inicial da banda depois de terem ensaiado o conceito de banda durante 6 meses numa influencia Pós-Punk; banda entitulada de «Jonny and the Self Abusers», com inúmeras influências daquela geração.

Os primeiros trabalhos dos Simple Minds, pareciam uma busca de um estilo com uma identidade própria em termos musicais, tentando sair do género pós.Punk para uma entrada nos anos 80 ao estilo Pop-Rock. Depois de diversos albúns, em 1982 nasce New Gold Dream (81;82;83;84), aqui começou uma verdadeira carreira que iria lançar-se vertiginosamente. Deste albúm, os temas «New Gold Dream»; «Promise you a miracle» conhecem um público muito receptivo e numeroso. Num artigo Jim Kerr, refere que este foi um dos albúns que mais gostou de gravar e desse modo apercebemo-nos da paixão e dedicação com que a música começou por ser produzida. Em 1985 o tema «Don’t you forget about me» solicita a voz de Brian Ferry, o qual recusa o tema; mais tarde as editoras pedem a Jim Kerr que interprete o tema, o qual recusa, afirmando que as letra nem a composição condizem com o seu agrado. Desde modo depois de algumas negociações; Jim Kerr aceita interpretar o tema com a condição de esta não ser inserida em nenhum dos albúns originais, assim como se comprometem a produzir um tema com tanto ou maior sucesso que «Don’t you forget about me», assim nasce o tema «Alive and Kicking».

«Street Fighting Years» em 1989 é lançado como um albúm de arremesso à situação política na altura; Nelson Mandela com o Apartheid torna-se no tema principal deste trabalho.

Em 1991 o romantismo e o lado contemplativo dos Simple Minds regressa com «Real Life» e digressões de peso, em particular a estreia da banda nos placos de Portugal a 31 de Julho 1991 no antigo estádio José de Alvalade, depois de eu ter contactado com algumas pessoas que estiveram presentes neste dia apresentam testemunhos fortes deste dia concerteza memorável.

«Good News From The Next World» estreia-se em Janeiro de 1995 com um lado muito místico e transcendental; os temas «She’s a River» e «Hypnotised» ganham enorme relevo nas rádios e prioridade constantes nos concertos até hoje o mesmo falo dos temas mais badalados desde o início de carreira da banda. Há quem diga que este albúm seja uma segunda parte de «Once Upon a Time»

Problemas entre a banda e a Editora surgem com problemas relacionados a negociações de marketing onde este procura impor-se à imagem e natureza dos Simple Minds, no entanto de lá surge um albúm sem a medida e sonoridade que estávamos tão acostumados a ouvir; «Néapolis» em 1998 contendo temas singelos sem muito para acrescentar, para não falar da forte carga eletrónica imposta à música. Considero este albúm o mais fraco desde «New Gold Dream» até à actualidade, no entanto destaco o intrumental «Song for the Tribes», contendo atributos sonoros agradáveis. E aqui se fecha o final com o reinício da carreira dos Simple Minds que abordo neste meu testemunho, considerando terem renascido em 2002 em «Cry». Nesta altura já a digressão mundial se encontra em velocidade de cruzeiro, tocar ao vivo é o lado mais predilecto de Jim Kerr e da banda, acreditam que este é o caminho do Coração dos Simple Minds porque sabem que através das Tournées alcançaram o que pensam ainda não terem atingido mais do que nunca e principalmente apesar dos grandes sucessos nos anos 80.

Eu guardo uma enorme expectativa acerca do futuro dos Simple Minds, muitas outras pessoas e fãs aguardam o mesmo e acredito que desse modo se criará misteriosamente uma forma de energia que terá um efeito muito positivo num futuro próximo.

Hoje desejo ardentemente que venham a Portugal brevemente e POR FAVOR; contactem promotoras, organizações de eventos; pessoas influentes ligadas à organização de eventos. Contactem rádios, televisões, escrevam para jornais e revistas pedindo formalmente a realização de programas, entrevistas, reportagens acerca da banda bem como da transmissão de concertos memoráveis.

Peço em nome do lado maior do meu Coração;

Don’t You Forget About Simple Minds!


Nota:

No dia da publicação deste texto (9 de Julho) a quem desde já agradeço ao Carlor "Thor", JimKerr completa 50 anos de idade.

1 comentário:

  1. O meu Grande OBRIGADO ao sérgio por ter insistido comigo várias vezes comigo em redigir este texto dedicado aos emblemáticos Simple Minds!

    Para quem realmente aprecia este género musical, dirigo-vos uma palavra: Eles precisam imenso do nosso apoio e da nossa presença, a sua predilecção são os concertos ao Vivo onde os Simple Minds se sentem mais vivos que nunca e ao rubro!
    Eles andam pelo mundo em digressão numa grande cruzada de reconquista do público. Vamos deixar de recordar o passado e fazer com que o Futuro seja mais Forte do que aquilo que os nossos sonhos poderiam imaginar.

    Quando os Simple Minds vierem a Portugal tornar-nos-emos em quem realmente desejamos Ser em frente do palco!

    Cabe-nos a nós sermos o Arauto do ESTOIRO!

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