terça-feira, 8 de julho de 2014

 
2 de Julho de 2005
 
 
Estava o meu Tio Costa de férias numa das Torres de Armação de Pêra, fui visita-lo num dia que convidava a uns bons banhos de mar, mas preferi ficar em frente à TV. Nesse dia acontecia o Live 8, 20 anos depois do grande Live Aid que aconteceu num ping pong entre Londres e Philadelphia.
 
Preferi ficar em frente à TV, na espera do momento mais simbólico que até então poderia acontecer - A Reunião dos Pink Floyd. Devia imaginar que esse momento estaria guardado para o final, ainda assim, preferi não arriscar e ficar por perto da TV.
 
Ao final da tarde tive que rumar até Silves, onde já no "Nosso Bar" vi os Floyd subirem ao palco. O set de canções começou sem que o som me chega-se, pois no bar passava a música ambiente, o Pedro Nuno foi porreiro e lá ligou os auscultadores à mesa de som. Ali, naquele espaço fui o único que tive o privilégio de poder ouvir a banda em directo. Bem, notava-se a emoção dos músicos, especialmente em Roger Waters, mas também o Guilmor estava mais solto. Esses momentos inesquecíveis acabaram por ficar registados e hoje estão à distância de um clique no youtube. Os Pink Floyd uniram-se por uma causa, mas eu acreditei (e ainda acredito) que também se uniram por si próprios enquanto homens, pela banda e pelos Floydianos que são milhões em todo o planeta.
 
Ficou esse registo que quase se repetiu, em Londres, passados uns anos, já após a morte do Rick (set 08), quando o Guilmor e o Nick se juntaram ao Roger durante um concerto de celebração ao mítico "The Wall".
 
Acreditem, que andei convencido que o Roger voltaria um dia ao processo criativo da banda, escrevendo, compondo, partilhando a construção das canções com o Guilmor, fazendo parte do som Floydiano.
 
Puro engano!
 
Ontem, quando ouvi o anuncio de um novo disco da banda quase rebentei de tanta alegria, mas pouco tempo depois já sentia uma desilusão enorme ao saber que Waters estava excluído do processo. Mais desiludido fiquei quando percebi que as novas canções afinal são canções velhas, que surgem do fundo de um baú com vinte anos de idade, altura em que os PF lançaram "Division Bell".
 
Se "Division Bell" não me seduziu como é que os "restos" me vão seduzir?
 
Sobra a emocionada sensação de poder escutar o som do Richard.
 
Ainda assim, subsiste o pensamento que liga estes dias aos tempos do "Final Cut", tendo em conta que umas das principais causas da ruptura entre os membros da banda teve a ver com o facto de Waters querer construir o disco com os restos do "The Wall". Guilmor foi contra, Richard chegou a sair dos Floyd. O disco não teve concertos de promoção, mas o tempo encarregou-se de torna-lo numa das principais referencias em toda a discografia da banda. Para muitos fans "The Final Cut" é aquele disco, para mim é aquele disco, o melhor.
 
Será que "Endless River" conseguirá um estatuto respeitável no meio de tão exigente discografia?
 
Sérgio Costa
 
 
 
 
 
 
 

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